Palmas é uma Barrela (cidade de 3ª classe)
O título da peça de Plínio Marcos cai como uma luva na mão dos gestores pelo que vamos vivendo nesta cidade nos últimos anos. Abandonados à própria sorte. Tal o estado das coisas. Azedo, envelhecido, apequenado. Dias e dias que são uma noite de sordidez. O esculacho. Do buraco abismal das ruas às desorbitadas, senão amalucadas, desvairadas decisões do poder público – uma vez que desconectadas com os interesses do cidadão. O sistema de transporte de Palmas é o mais descarado exemplo. Desde o primeiro mês de sua imposição à sociedade de Palmas (não dá pra dizer que uma coisa lastimável como essa foi “implantada”) que vêm recebendo críticas desfavoráveis e muito corretas dos usuários. É deveras preocupante que um prestador de serviço público de uma cidade inteira, atuando sozinho no mercado, avilte o interesse maior de ir-e-vir de toda uma população. Pouco importando se esse direito está assegurado na Constituição. Quanta impunidade! O usuário do transporte público hoje em Palmas - apertado feito animal - é um marginalizado social. A ele ônibus velhos e empoeirados, desconfortáveis, fora dos horários, lotados nos horários concorridos, demorados a não mais poder nos demais períodos. E as tais estações? Um tormento total, um purgatório. O sistema apenas favorece o empresário. Diminui custo-aumenta lucratividade. O motorista que acula a função de cobrador recebe irrisórios R$ 16,27 (dezesseis reai e vinte sete centavos)! Ainda assim esta semana a tarifa subiu para (pasmem!) R$ 2,20 (dois reais e vinte centavos). Em todo esse desmando inconcebível numa democracia vai impresso a verdadeira face dos políticos da cidade. Que se sentem acima da lei, senão os donos dela. Não é preciso estar possuído por nenhum espírito pra se fazer previsões catastróficas acerca do futuro da cidade. Que acaba de completar 21 anos, mas já tão envelhecida. Nos costumes, hábitos e culturas. Acionados e inspirados, todos, pela indiferença indisfarçável dos políticos. Sob o repetitivo refrão nos palácios “to nem aí, to nem aí...”. O caos se estabelecendo irrefreável: ambiental, social, político, ético, cultural. No filme Os Simpsons, eles se encontram a ponto de fugir para o Alasca. E nós, que temos a fazer? Fugir? Sim, eu vos digo, o tolo vivente, fugir sempre!
ney ferraz paiva
imagem: O Vagão da Terceira Classe, de Honoré Daumier (1808-1879)
Os tempos não mudaram, nem os políticos!
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